Uma das marcas mais expressivas e queridas da moda brasileira é a Maria Bonita. Para o verão 2011 a estilista Danielle Jensen se inspirou na arquitetura e nos tons das casas do norte e nordeste. Tanta arquitetura foi contada no livro de Anna Mariani “Fachadas e Platibandas”. A Maria Bonita imprime à moda brasileira mais uma vez sua marca autoral e, há algumas coleções, uma marca que também é regional.
As formas são assimétricas, sobretudo em se tratando de roupa, nada ali é muito usual aos olhos. Se há uma calça, vem um bustiê; os vestidos são arrematados por placas que lembram telhados triangulares e até as bolsas são pesadas , de madeira e com cara de feira. E, como se brotado do chão os tons terrosos mandam no desfile. A Maria Bonita do verão 2011 é toda Flicts.
É Flitcs nos tons terrosos do começo que evoluem para cores pastel. Os tops que tem chapéu acoplado são Flicts. Na Maria Bonita o azul, o amarelo e rosa são totalmente Flicts.
Flicts é aquela cor que é tudo e é nada. A lua é Flicts, o sol é flicts, o burro quando foge é flicts.
Flicts é uma história meio fábula contada por Ziraldo em mais um estrondoso sucesso literário para crianças. Ele nos lembra que todas as cores tem um lugar no mundo e Flicts também tem. É uma história sobre cores mas também uma história sobre exclusão. Asssim como a história da Maria Bonita que nos faz olhar pra cima do nosso mapa, para além das formas conhecidas e linhas quadradas e reverenciar a originalidade de quem constrói casas com as mãos e faz arquitetura própria e que pinta com as cores sujas de terra, mistura cal no vermelho, no azul , no verde e faz a cor ‘candy’ diretamente no sertão.
Incontáveis gerações escolares já se encantaram com o texto de Ziraldo que é cheio desse desejo de fazer parte, de achar algo no mundo que seja Flicts, que tenha a cor parecida com a sua. Não custa lembrar que desde sua primeira publicação em 1969 “Flicts” marcou uma mudança na literatura infantil brasileira abolindo as ilustrações figurativas e óbvias pra criança.Além de encantador é inegável também a vocação do livro para falar da dificuldade de se encaixar, pra atingir o íntimo de crianças e adultos com uma metáfora tão poderosa quanto cores.
Incluídas na beleza do desenho arquitetural e colorido brasileiro as fachadas e platibandas do sertão se derramam em vestidos, camisões e calças pescadores tudo cor Flicts, cor de coisa que se acha, que se descobre de repente. E que passa a existir no mundo.
Brasileira e colorida a Maria Bonita é toda Flicts.
Então este ano a Maria Bonita faz juz ao nome nordestino…